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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

"Pra não dizer que não falei das flores"

Dispepsia dissipada e eu não poderia finalizar 2011 sem falar do filme que o marcou, ou que me marcou perante o ano.
Na sala semi-iluminada, quem apertasse os olhos e diminuísse suas pupilas facilmente enxergaria a ansiedade em pessoa materializada numa das poltronas. Os pés batendo no chão, o joelho tremendo com o impacto cinético, a cabeça vazia, expectativa nenhuma. Só a curiosidade sem fim!
Quando as luzes do projetor começaram a piscar na superfície branca  da tela, os olhos quase orbitaram de satisfação, mais alguns minutos passados os trailers e lá estava Almodóvar em novíssima versão, recriado como  todo artista ao fim de uma nova obra.


Capa do livro "Mygale"
Do inicio ao fim “A pele que Habito” me conectou em alta tensão, a narrativa baseada no livro "Mygale" ("Tarantula") de Thierry Jonquet, expõe-se de forma irreverente tornando difícil sua classificação. Drama, suspense, terror? Não sei. Mas tenho um aviso aos navegantes: a obra é de difícil digestão.
Cena do filme
Revestido com pitadas de humor e romance, o filme conta a história de um cirurgião plástico que através de experimentos científicos com sangue de animais e tecidos humanos consegue criar uma pele humana resistente a queimaduras e incisões. No entanto, a transgressão ética e científica esconde camadas mais profundas de uma mente conturbada por sérios conflitos emocionais, conflitos que vão sendo desvendados ao longo da narrativa e se mostram os principais motivadores das ações monstruosas praticadas no filme.



Cena do filme
A inversão de papéis (mocinho vira vilão e vilão vira mocinho), diálogos escassos envoltos em mistério, ação lenta e densa, tempo não linear e as cores quentes (caracterítica própria de Amódovar), são algumas das  que marcam A pele que habito. Com uma densidade psicológica e emocional espessa, a obra transborda suas problemáticas para o espectador colocando em cheque seus valores e julgamentos. Pontos de vista dividem-se, ora invertem-se, enquanto uma corrente magnética de sensações desconfortáveis e chocantes atinge o espectador através do corte que a percepção incide na fina película entre espaço e tempo, quadro e realidade.

O bom de um bom cinema é exatamente isso: nos direcionar para dentro da história, independente de nossa própria vontade, independente de nossa consciência. Expressões, planos, quadros, ritmos, diálogos, sons, fotografia, objetos e a relação entre todos esses elementos precisa estar em perfeita harmonia para nos capturar. Um simples detalhe e o filme ganha ou perde toda sua intensidade. 
Uma das cenas iniciais do filme
Obra de Louise Bourgeois
Detalhes a parte!
Eu não poderia deixar de dedicar algumas linhas para mencionar a presença de Louise Bourgeois em A pele que habito, uma presença mínima, mas que a mim repercutiu tudo o que eu poderia esperar da trama. A presença de obras e de um livro sobre a escultora franco-americana no inicio do filme parece aleatória e quase imperceptível aos mais desapercebidos, mas conota toda a força psicológica conflitante que marca a narrativa, além de constituir uma menção direta ao título do livro em que se baseia o filme. Quem já ouviu falar de Bourgeois certamente já ouviu falar de suas aranhas gigantes. Pele, costura, conflitos emocionais, desejo, sexualidade, deformações físicas, mutilações, obscuridade e dualidade, são abordagens e aspectos do trabalho de Bourgeois que, tanto quanto a obra de Almodóvar, nos colocam poeticamente em contato com mundos obscuros, agitações internamente ignoradas, fragmentos desconfortantes que convivem conosco embaixo de uma epiderme neural que pouco habitamos.
Não temos escolha perante a arte, se aceitamos encontrá-la, intimamente permitimos que nossa vulnerabilidade venha a tona despertando sentimentos, emoções e pensamentos que pouco poderiam ser acionados sem o estímulo da obra. Almodóvar, certamente alcançou coeficientes altos de sensibilidade em A pele que habito, mostrando que é possível fazer drama com pouco estardalhaço, suspense sem grandes tensões sonoras e que terror também se faz com a mente, sem precisar desperdiçar golfadas desnecessárias de sangue.
 
Nota:
Em A pele que habito as letras sobem anunciando o fim do filme e você continua sentado. Primeiro perplexo, depois indignado com o diretor que se despede despejando em você uma das cenas mais densas e indigestas do filme, uma dose cavalar para somar-se as outras que acumularam-se até aquele momento.  Assim, dedico esse texto a minha amiga Paula Barros (MA) que assistiu ao filme comigo e que como eu, sensivelmente, não conseguiu conversar sobe ele.
Paulinha, esse é pra nós.
Nada de ruminações para 2012! Rsrsrsrs

segunda-feira, 28 de novembro de 2011







"Feche os olhos agora e respire fundo" 
 Tudo dentro dela ecoou
 Mas ela não se dirigiu aos ouvidos
 Então, nada dentro dela escutou

sábado, 17 de setembro de 2011

OCEANO POSSÍVEL

Embora ninguém percebesse era um dia emocionalmente difícil para ela. Mais um entre tantos que estavam seguindo aquela semana. Ela tentara consigo mesma compreender um pouco do que estava se passando, mas alguém dentro dela se recusava a traçar qualquer diálogo sobre o assunto. Tentou escrever sobre, mas o cérebro não  lhe permitiu exprimir uma única linha. Havia um bloqueio intransponível que impedia o contato entre as suas sinapses e as emoções.

Ela conhecia a causa, mas não sabia explicar o porquê.

 O tempo escapulia com os fios de gelo cortante que o vento frio soprava sobre seus cabelos. O corpo leve carregava há horas os passos chumbados de alguém que segue em frente com dificuldade. Ela não estava em casa e não sentia-se deslocada. Aquele era o espaço ideal pra suas fragmentações emocionais. Uma espécie de terapia.

Percorreu quadro a quadro, imagem por imagem. Tudo que chegava até sua retina diminuía aos poucos o fardo das pegadas. A confusão interna cedia lugar para inquietações universais, perspectivas diferentes, formas incomuns de enxergar o que ela, até aquele momento, visualizava por outro ângulo. 

Conversas e risadas descontraídas com alguém que a acompanhava, hora ou outra interrompia a carga de seriedade dos seus pensamentos. Aquilo mais do que necessário, era essencial para pausar o fluxo da sensação amarga que a atingia como um pêndulo. Ainda que reconhecesse o quanto isso ajudava, ela carregava a culpa de saber que toda a universalidade até agora vista, não obstante pessoal, só a distanciava do momento em que ela, mesmo com dificuldade, deveria alcançar o cerne de sua aflição.  O gosto acrimonioso impregnava seus sentidos em minutos entremeares quando num determinado instante de intervalo seus ouvidos captaram uma frase pronunciada ao longe: 

“Há sempre um copo de mar para um homem navegar”.

O anuncio brotou de uma sonoridade distante, como se fora um presságio. Ela seguiu as ondas sonoras das palavras com movimentos lentos, a alma sedenta, mas pouco crédula. Alguém em algum lugar conseguira amortecer suas sensações ocres. Aquela frase exprimia tudo o que ela não sabia que precisava ouvir.

 “Há sempre um copo de mar para um homem navegar”.

 “Há sempre um copo de mar para um homem navegar”.

 “Há sempre um copo de mar para um homem navegar”.

Aos poucos o som se tornava mais nítido e a frase repetia-se em canto constante.  A voz era feminina, conseguira detectar com clareza.  
Menos de um segundo  depois e sua perspectiva opaca mirava a fonte de tais pronuncias. A audição se tornou sutilmente afetada enquanto sua pupila diminuía de tamanho para regar a visão com a maior quantidade de nitidez luminosa. As imagens perante seus olhos se movimentavam exibindo uma moça despida. Nua!
E antes que ela mesma se perguntasse o motivo, seus olhos neurais lhe responderam que aquela nudez representava a virgindade do corpo perante o mundo. 

“Há sempre um copo de mar para um homem navegar”

Sim, embora seus olhos fossem mais vivos que seus ouvidos, ela ainda escutava o som e as palavras ondulavam seu estado emocional.
A moça nua enquadrada na tela mexia-se em um cenário simples e comum, exceto pela presença de baldes e bacias preenchendo o todo que a margeava. A moça estava sentada no chão e lentamente se molhava.  Ela mesma se enxergava na moça e a moça era ela e ela era moça que se banhava com água pura. A água que vinha de vários recipientes... 

Era uma água límpida. Água de panela, bacia, balde, corpo. Água de alma. Água de mar!

Água de quem se encontra na terra tão desconectada, tão farta e seca da areia, do pó fino impregnado n a pele rejeitosa, que mal consegue ver onde pisa. Água que lava o corpo de quem carrega nas vestes os resquícios da ventania, tempestuosa travessia de “daqui não sei mais...”. Água gelada e serena de quem sedenta se senta e não reconhece, mas com dificuldade percebe:

         Há                      Um copo                          Para um                                   Navegar

                       Sempre                             De mar                                 Homem


  



                                                       Sara Ramo (Madri, Espanha, 1975)
 Oceano Possível, 2002
Video digital, cor e som
Coleção: Galeria Fortes Vilaça

"Há sempre um copo de mar/ para um homem navegar" (Jorge de Lima). "Nestes versos, as palavras empregadas são do cotidiano, a rima é comum, e a sintaxe não poderia ser mais simples. Entretanto, são dois versos generosos para a imaginação" (Comentário de Raduan Nassar, Cadernos de Literatura Brasileira, nº2. São Paulo: Instituto Moreira Salles, p.24). Assim também sugere o trabalho de Sara Ramo: feito de objetos do cotidiano, num ambiente doméstico, e que, articulados pel artista, ganham uma densidade de extrema generosidade. Oceano Possível surge não só como uma constatação levemente melancólica dos desenganos desta nossa época pós-utópica, mas também como signo da descoberta de brechas dentro de dimensões prosaicas das experiências que habitam essa mesma época. Brechas nas quais é possível inserir pequenas transformaações, indicando um tempo presente pulsante, pronto para ser ativado.






sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estou depositando aqui as sobras de palavras que restaram de um ímpeto de coragem.
Há tantas coisas que eu queria escrever aqui nesse espaço
Mas a insegurança me deixa sempre um abraço.

Saio para entrar em cena o vazio...

Um dia eu deixo de sufocar tudo e passo a dizer o tanto...
Um dia...
Quando o que eu disser sobre o todo
Tiver deixado de ser tão sobre mim.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

    É notável como Macapá tem se tornado um espaço cada vez mais diversificado para discussões, produções e abordagens culturais. Um terreno fértil para experimentações de cunho social com ligação para os diferentes níveis de nossa realidade.
   Tal qual como sabemos, essa função de investigação sensível só se enquadra nas práticas cotidianas proporcionadas pela atividade artística. Assim, venho aqui nessa nota introdutória, manifestar minha alegria e satisfação ao ver as artes visuais nativas ganhando força com expressões de cunho mais contemporâneo, e quando digo isso não me refiro só à técnica, mas também ao teor substancial dos trabalhos.
   Fico feliz de ver a fotografia, o vídeo, a performance e a instalação dividindo um território cada vez mais amplo coma pintura local; notar assuntos menos pertinentes e já recursivos na arte cedendo lugar para as problemáticas do nosso entorno e que também são globais, em muitos aspectos.  
     Mas, antes de isso aqui virar um artigo chato sobre artes visuais (rs,rs,rs) vou partir para  o assunto principal: noticiar  a exposição que me fez parar para refletir sobre essas questões.

Segue release:


 Exposição "Demarcações" na Galeria de Artes do SESC Amapá



No dia 5 de agosto às 19h a galeria de artes Antônio Munhoz Lopes do SESC abrirá suas portas para receber a exposição - Demarcações - do grupo Imazônia. Trata-se de uma exposição de caráter instalativo com linhas de pesquisa na ecoarte, os trabalhos são feitos com lixo das ruas e também domésticos. 



O grupo Imazônia levanta uma problemática ecológica com relações sociais, especialmente das ressacas: um ecossistema rico e único, que vem se apagando com o crescimento populacional metropolitano. A exposição – Demarcações – aborda sobre as habitações populares das áreas alagadas e ribeirinhas da Amazônia. Demarcações em espaços irregulares e ocupações “desordenadas” presentes nas paisagens urbanas. São instalações no solo e nas paredes como miniaturas das casas.

A exposição ocorrerá de 5 a 28 de agosto, de segunda a sexta-feira no horário de 8 às 12h e 14 às 18h com visitas monitoradas. 





O grupo Imazônia é formado por:Ronne Dias, Adalto, Jorron, Izaías Brito e Mapige.
Vernissage:
Data: 05/08/11
Local: Galeria Antônio Munhoz
Horário: 19 h
Musica ao vivo!


Mais informações: 3241-4440 / Ramal 257 ou 81226410






terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ela olhava a foto
E a foto era tudo que ela tinha naquele momento
E a foto era o olhar, era o cheiro, era o calor
A foto era humana!
Cada detalhe de luz parecia diminuir a saudade...
Ela olhava a foto e tudo remetia ao fato.
Um fotograma, apenas
Mas era a presença, era o toque, era o sussurro
A foto era a palavra.
Tudo o que ela tão mais queria estava ali naquele enquadramento digital.
Deu foco a foto
Acarinhou, beijou
Abraçou a foto com o olhar...
Tocou com os dedos a imagem, margeou os contornos.
Ela sentia o que a foto transmitia
A foto recebia o fluxo de energia

Já não havia tempo
O coração palpitava
Nada que de concreto exisitisse

Mataria sua saudade


quarta-feira, 8 de junho de 2011

SESC AMAZÔNIA DAS ARTES CIRCUITO 2011 - ARTES VISUAIS

EXPOSIÇÃO "DENTRO DA MATA" - PINTURAS DE MIGUEL PENHA (MT)

Mata verde, óleo sobre tela 100 cm x 200 cm - 2011

Árvores, cachoeiras, rios, fauna e flora da Chapada dos Guimarães do cerrado brasileiro são os assuntos desenvolvidos pelo pintor Miguel Penha, nascido em Cuiabá Mato Grosso, que estará em Macapá para a realização da Exposição “Dentro da Mata” na Galeria de Artes do SESC Amapá, Antônio Munhoz Lopes.
            Miguel Penha chega á capital amapaense onde permanecerá no período de 7 a11 de junho, por intermédio do Projeto SESC Amazônia das Artes 2011. Durante os dias em ficará no estado, o artista realizará a montagem da exposição, participará de seu vernissage e ministrará uma oficina de pintura para o público local.
            O Projeto SESC Amazônia das Artes foi criado há três anos em atenção às necessidades específicas por um melhor desenvolvimento no campo artístico da região da Amazônia Legal. Assim, realiza anualmente um intercâmbio cultural nas linguagens: música, artes cênicas e artes visuais, entre os estados envolvidos nessa área geográfica.
O objetivo primordial do projeto é criar um diálogo permanente com a sociedade através da arte, cultura e cidadania.
             “Dentro da Mata” permanecerá na Galeria Antônio Munhoz de 10 a 30 de junho de 2011, disponível para a visitação pública nos horários de 8 às 12h e 14 às 18h. Em cada tela que compõe a exposição, o artista Miguel Penha instaura um clima absolutamente mágico, no qual o uso da luz e as gamas de verdes ganham destaque como recursos técnicos da pintura para ressaltar a criação de um mundo em que a natureza é a vedete.


INFORMAÇÕES:

Exposição “Dentro da Mata”
Local: Galeria Antônio Munhoz Lopes
Endereço: Rua Jovino Dinoá, 4311 – Beirol (Centro de Atividades do Araxá)
Período: de 10 a 30 de junho
Horário: de 8 às 12h e 14 às 18h (De segunda a sexta)
Vernissage: 10/06/11 às 19 h

Oficina “Pintura Dentro da Mata”
Ministrante: Miguel Penha (MT)
Local: Casa da Cultura
Endereço: Rua Jovino Dinoá, 4311 – Beirol (Centro de Atividades do Araxá)
Data: 9 de junho
Horário: de 9 às 12h
GRATUITA

CONTATOS:
Telefone: (96) 3241-4440 ramal 257


OBRAS DE MIGUEL PENHA (MT)

Caminho na mata, 150 cm x 150 cm - 2011

Jasmim azul, 90cm x 90 cm - 2010







quinta-feira, 26 de maio de 2011

EXPOSIÇÃO DO GRUPO JUÇARA NO CENTRO CULTURAL FRANCO-AMAPAENSE



O SESC Amapá, em parceria com o Centro Cultural Franco-Amapaense realiza a 2º mostra da Exposição Juçara, com trabalhos de Carla Marinho (AP), Cristiana Nogueira (RJ), Ghazia Brito (AP), Rosiane Olivia (AP), Jonata Lacerda (PA), Maria José (PB) e Ire Peixe (AP).
A exposição, que esteve na Galeria Antônio Munhoz Lopes do SESC/AP durante o mês de março, segue para o hall expositivo do Centro Cultural Franco-Amapaense dando continuidade ao seu objetivo primordial de divulgar a produção visual feminina do Estado. São fotografias, pinturas e desenhos que abordam temáticas variadas: identidade, violência contra a mulher, descoberta do corpo, tempo, abstração e natureza.
O grupo Juçara surgiu em 2006 por artistas mulheres preocupadas em fomentar a cultura no Estado. Uma das características de formação do grupo é permitir a livre participação de artistas em quaisquer modalidades das artes visuais, que através de suas expressividades diversificadas discutem questões estéticas, sociais, políticas e culturais.

Período: 27/05/11 a 30/08/11
Local: Centro de Cultura Franco Amapaense
Vernissage: 27/05/11 às 19h30min.
Maiores informações pelo telefone: (96) 3241- 4440/ R- 257 (Falar com Aline Pacheco – Técnica de Artes Visuais)



sábado, 14 de maio de 2011

Causas e efeitos de Gentis hesitações

Montar uma exposição, para mim, é sempre uma vertigem inaugural de hesitações.  A obra, o autor, a recepção, a melhor maneira de comunicar através da visualidade... tudo fica velozmente rodando dentro dessa cabeça inquieta . Quando tem tempo, fico dias a fio imaginando a melhor forma de expor os objetos artísticos. Inverto papéis: ora me imagino como uma criança visitando o espaço expositivo, ora me imagino como um preceptor adulto (que eu sou, claro), ora me coloco no lugar do artista (qual seria a melhor disposição para enfatizar as abordagens do meu trabalho?). Borbulhas conflitantes. Todas eclodem no mesmo obstáculo: as possibilidades concretas de realização.

Eu na montagem de "Uma Gentil Invenção"
Nesses momentos, o melhor mesmo é ter várias pessoas da área dividindo percepções, dialogando visualidades, sugerindo, ajudando. Não por isso ser complexo de ser feito individualmente, mas pelo comum fato de que a maior parte das problemáticas da vida são melhor resolvidas quando pensadas coletivamente! E foi isso que eu milagrosamente consegui fazer com Uma Gentil Invenção.
 Digo milagrosamente, porque para se discutir e pensar sobre algo precisamos antes conhecê-lo, só que eu não conhecia os trabalhos que comporiam a exposição, mas essa é uma história que invade outro contexto, pulemos uma parte, então!
 Menos de três semanas antes da data da vernissage de “Uma Gentil Invenção” na Galeria Antônio Munhoz, eu recebi o material educativo que sempre acompanha as exposições do Projeto ArteSESC, no qual “Uma Gentil Invenção” está incluída. Meu primeiro contato com  imagem dos trabalhos e minha reação inicial já acompanhou um raciocínio conclusivo: eu precisava de ajuda!
 Ao ver, através dos catálogos,  quais seriam os trabalhos da exposição e a consistência de suas abordagens eu fiquei bastante preocupada. Primeiro, porque eram 19 trabalhos de 19 artistas de potencial relevância na história da Arte Contemporânea Nacional e que continham uma carga muito grande de discussões não organizadas na camada formal das obras, o que requer um trabalho de mediação mais apurado. Segundo, porque a exposição ocorreria em meio a um grande Projeto Cultural do SESC Amapá (VI Aldeia de Artes SESC Povos da Floresta) exigidor de uma atenção total da equipe de cultura, inclusive dos meus cinco braços direitos: os estagiários. Terceiro, porque o que eu gostaria de fazer desde o início como compartilhamento de experiência, era - agora - uma questão de necessidade: dividir a ação de montagem e de mediação da exposição com os acadêmicos do curso de Artes Visuais da UNIFAP.

Tudo bem, então, já conseguimos um recurso facilitador, certo?
Errado.

Tanto para montar uma exposição como para mediá-la é preciso ter um entendimento possível até de ser pré-formado com a visualização de imagens dos trabalhos que a constituirão, mas que será efetivado apenas por meio do contato real com as obras. Assim, como eu poderia levantar hipóteses funcionais acerca das problemáticas que envolveriam o processo de montagem e mediação de “Uma Gentil Invenção” se eu sequer tinha tido algum contato com as obras?
E como eu poderia, dessa forma, capacitar um grupo de acadêmicos de Artes Visuais da UNIFAP que não conhecem a prática de montagem e mediação predeterminantes na ação educativa de qualquer espaço cultural com enfoque na visualidade sem o devido direcionamento à exposição?
A resposta, bem eu não encontrei. Mas perguntas eu já tinha demais, precisava mesmo era de respostas e sabe o que acontece quando a gente não encontra respostas?
A gente inventa! Aposta em verdades incertas. 

Acredita!

E foi acreditando que eu me perguntei tudo o que tinha que me perguntar e tudo que eu esperava que me perguntassem sobre a exposição, sobre arte contemporânea, sobre a prática dos processos de mediação, sobre curadoria e montagem e fui buscar as repostas. Nesse processo um companheiro de trabalho e também amigo foi essencial: Patrick Araújo: técnico de cinema do SESC/AP formado em Artes Visuais, pessoa de preciosa intelectualidade no assunto Artes. Por um dia inteiro eu fiz as mais absurdas perguntas ao Patrick e ele também me fez as suas, aprendemos buscando as respostas e discutindo as opiniões divergentes, rimos e nos divertimos cogitando possíveis perguntas que nos fariam e para qual deveríamos ter respostas. Um processo lúdico de aprendizado para o ensino!

Patrick e eu formamos através de sorteio com duas turmas da UNIFAP, um grupo de 10 mediadores dentre os quais sairiam os quatro assistentes de montagem da exposição “Uma Gentil Invenção”, durante três dias nos reunimos com o grupo, compartilhando conteúdos, experiências, debatendo e realizando ações que seriam primordiais no processo de mediação. Para meu alívio, no primeiro dia de encontro com o grupo as obras chegaram e eu pude conhecer de fato os trabalhos da exposição.
Para a montagem foram mais três dias. Nesse pouquíssimo tempo, eu e o grupo de montagem da UNIFAP fizemos o reconhecimento e limpeza do acervo, decidimos a disposição das obras discutindo e considerando os diálogos que elas comunicavam isoladamente e compartilhavam entre si, sem deixar de considerar as possibilidades técnicas de organização dos trabalhos dentro do espaço expositivo.

Depois que todas as etapas sucederam-se satisfatoriamente, respirei enfim, realizada.
Quando a gente se esforça, os objetivos vigoram e se concretizam, eu quase sempre consigo me certificar disso. Mas é claro, com a ajuda de muitas pessoas.


Parte da equipe envolvida na organização  da Exposição "Uma Gentil Invenção"

Parte da Equipe de Cultura do SESC/AP

“Uma Gentil Invenção” foi um aprendizado gigantesco em tempo recorde!
O resultado de tudo vocês constatarão através das imagens postadas no blog.

Já dizia o velho ditado: uma imagem vale mais do que mil palavras. E muitas imagens valem quanto, então?

Façam as contas!


ENCONTRO  DE CAPACIATAÇÃO PARA A MEDIAÇÃO
 
Patrick Araujo (Técnico de Cinema do SESC/AP) e os acadêmicos de Artes Visuais da UNIFAP


Aline Pacheco (Técnica de Artes Visuais do SESC/AP) com os cadêmcios do curso de Artes Visuais da UNIFAP
Exercício de construção dos roteiros de mediação


PROCESSO DE MONTAGEM DA EXPOSIÇÃO

Elenilda e Jorge (acadêmicos de Artes Visuais da UNIFAP) na montagem de "Uma Gentil Invenção"
Noemi, Elenilda e Jorge  na montagem de "Uma Gentil Invenção"
Aline Pacheco (Técnica de Artes Visuais do SESC/AP) e os acadêmicos na montagem da exposição
Momento de orientação, estudo e reflexão sobre as possibilidades de disposição das obras no espaço da Galeria Antônio Munhoz SESC/AP
Definição da ordem de montagem da exposição "Uma Gentil Invenção" na Galeria Antônio Munhoz Lopes SESC/AP

VERNISSAGE DE "UMA GENTIL INVENÇÃO"

Jorge Cardoso, acadêmico de Artes Visuais da UNIFAP discorrendo sobre a experiência com o  Encontro de Capacitação para Mediadores e com a Montagem de  "Uma Gentil Invenção"

Parte do público presente na vernissage
Público no primeiro contato com as obras - Galeria Antônio Munhoz Lopes SESC/AP

Idem

Detalhe da obra "Fumacê" de Alexandre Vogler - uma das mais provocativas

Visitantes
Idem

Detalhe da obra "Costumes" de Laura Lima
Visitante olhando a fotografia de Renata Lucas


"EXPOSIÇÃO UMA GENTIL INVENÇÃO" 
Ficha Técnica

- Organização da Exposição: 
                        Aline Pacheco - Técnica de Artes Visuais do SESC/AP
- Organização do Encontro de Capacitação para Mediadores:  
                        Aline Pacheco (Técnica de Artes Visuais do SESC/AP)
                        Patrick Araujo (Técnico de Cinema do SESC/AP)
- Montagem: 
                       Aline Pacheco (Técnica de Artes Visuais do SESC/AP)
                       Patrick Araujo (Técnico de Cinema do SESC/AP)
                       José Ailson  (Instrutor de Artes Visuais do SESC/AP)
                      Augusto Pessoa (Estagiário do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Joselene Nogueira (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Josiane Pantoja ( Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Jonatas Lacerda (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Francimara Queiroz (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Lorenna Braga (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Eleneilda Moraes (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                       Jorge Cardoso (Acadêmico de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Quesia Lacerda (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Noemi Barbosa (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
- Iluminação:  
                       Marcelo Santos (Auxiliar Técnico de Iluminação e Som do SESC/AP)
                      Aline Pacheco Souza (Técnica de Artes Visuais do SESC/AP)

- Equipe de Mediação: 
                       Joselene Nogueira (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Josiane Pantoja ( Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Jonatas Lacerda (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Francimara Queiroz (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Lorenna Braga (Estagiária do setor de Cultura do SESC/AP)
                       Eleneilda Moraes (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                       Jorge Cardoso (Acadêmico de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Quesia Lacerda (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Noemi Barbosa (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Josefa dos Santos (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Cleidielma Pacheco (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Welliton Ricardo (Acadêmico de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Rosiane Olivia (Acadêmica de Artes Visuais da UNIFAP)
                      Rosana Olivia (Profesora do Centro de Educação Profissional em Artes Visuais Candido Portinari)
 
                      
OBS: Ao final da exposição compartilho com vocês a experiência do grupo de mediação com o público visitante de “Uma Gentil Invenção”. Aguardem.







terça-feira, 10 de maio de 2011

Um Gentil Encontro com a Arte Contemporânea na Galeria Antônio Munhoz Lopes



A idéia de arte, ainda nesse século, está fortemente vinculada aos padrões estéticos clássicos, o que dificulta a percepção das problemáticas abordadas pela arte contemporânea em sua ampla relação com a vida cotidiana.
É nesse contexto que se insere a ação primordial do Projeto ArteSESC do Departamento Nacional: proporcionar acesso à produções de Artes Visuais com grande valor histórico, em virtude de uma compreensão perceptual mais acurada da realidade
A exposição Uma Gentil Invenção que estará na Galeria Antônio Munhoz Lopes do SESC/AP no período de 05/05/11 a 29/05/11 é um dos principais acervos de arte contemporânea do ArteSESC reunindo trabalhos de 19 artistas da Galeria A Gentil Carioca localizada no Centro histórico do Rio de Janeiro. São fotos objetos, vídeos, esculturas, serigrafias, costumes, desenhos e fotografias somados a estímulos sensoriais, vivências, histórias coletivas e particulares: um grande laboratório de percepções com peças de Alexandre Vogler, Carlos Contente, Ducha, Ernesto Neto, Fabiano Gonper, Guga Ferraz, Jarbas Lopes, João Modé, Laura Lima, Márcio Botner e Pedro Agilson, Maria Nepomuceno, Marinho Marssares, Paulo Nenflídio, Pedro Varela, Renata Lucas, Ricardo Basbaum, Simone Michelin e Thiago Rocha Pita.
A curadoria de Uma Gentil Invenção foi realizada por Márcio Botner Guilherme Vergara. Segundo Botner a exposição “não é um escritório é um conceito”. A proposta de Uma Gentil Invenção é criar um laboratório de múltiplas percepções - ao se referir as obras como invenções, elas passam a ser abordadas como máquinas, caixas, roupas inusitadas para se vestir, até desenhos de diagramas conceituais.

Uma Gentil invenção contará com serviço de mediação prestado por acadêmicos do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá, que durante uma semana se reuniram nas dependências do SESC Araxá para um encontro de capacitação sobre os processos de mediação e ações educativas nos espaços culturais. Desse grupo de mediadores quatro foram sorteados para participar do processo de montagem da exposição.
Os professores que fizerem agendamento de turmas com o intuito de vivenciar “Uma Gentil invenção” ganharão o material educativo da exposição (catálogo, caderno de mediação e folder).
Você que é educador  não perca essa oportunidade!

 
Alunos da Ecsola Municipal Jose Duarte de Azevedo


















Idem
                                                                        
Idem
                                                                      
                                                                       


Informações:

Período de Exposição: 05/05/11 a 29/05/11
Local: Galeria Antônio Munhoz Lopes
Horário: De segunda a sexta -feira de 08h às 12h e 14h às 18h
Obs: às sextas feiras a exposição também funcionará das 18h às 21h
Vernissage: 05/05/11 às 20 h

Palestra de abertura
“Um Gentil Encontro com a Arte Contemporânea”
Ministrantes: Professora Ms. Cristiana Nogueira e Professora Ms. Fátima Garcia
Local: Auditório da Escola SESC
Horário: 18h às 20h

Contatos: (96) 3241-444 – r/257 ou 081226410 (Falar com Aline Pacheco – Técnica de Artes Visuais)
                  e-mail: sescapartesvisuais@gmail.com